segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016

Valentine's Day no hospital


Um tratamento contra câncer pode trazer surpresas. E fim de quimioterapia não quer dizer fim do tratamento ou dos efeitos colaterais das drogas.

R passou a primeira semana pós- quimio dentro do esperado e melhorando, e me despedi da companhia de minha mãe e irmã todos com a certeza que até a próxima consulta com o oncologista no dia 25 nada aconteceria de especial. Pois foi a casa ficar vazia que no mesmo dia, sexta a noite, R foi dormir mais cedo que o de costume, muito cansado. Sábado, dia 13, passou o dia literalmente dormindo, levantando apenas para as refeições e reclamando de uma leve dor de cabeça ao se mexer e de um sangramento nas narinas (que com o tempo seco não pareceu grave naquele momento). Como no domingo o problema não passou, concluí que seria novamente o problema do sangue, como aconteceu depois do penúltimo ciclo de quimio.

Ligamos para o plantão oncológico do fim de semana, pedimos para checar o exame de sangue que R tinha feito na sexta, e o médico concordou que deveríamos ir para a emergência para novo exame e possível transfusão. Aparentemente ninguém tinha verificado o exame de sangue (hemoglobinas estavam já baixas) até fazermos a ligação no domingo!!

Na emergência as coisas finalmente foram ágeis. O oncologista do plantão já tinha deixado tudo pronto, R fez exame de sangue logo que chegou e raio X de tórax, e já na volta da radiologia nos passaram para um quarto isolado dos demais pacientes da emergência: detectaram que os glóbulos brancos de R estavam praticamente zerados (0,2), ou seja, com forte chances de pegar uma infecção.

A partir do diagnóstico foi tudo muito tumultuado, com um monte de enfermeiras e médicos aparecendo, e bolsa de sangue sendo injetada. R foi transferido para a área oncológica para pacientes com problemas imunológicos e descobrimos que não sairia do hospital pelos próximos dias!! Como assim?? R já estava com trauma de emergência (não queria ir ao hospital de jeito nenhum e tive que insistir para irmos lá só para dar uma "conferida que estava tudo bem") e agora mesmo é que vai apavorar numa próxima.

Resumo da história: a quimioterapia pode ser extremamente tóxica para a medula, dificultando a geração de sangue novo. Uma recaída como esta pode acontecer até 10 dias depois do fim da medicação quimioterápica. De domingo para segunda-feira (hoje), injetaram em R 3 bolsas de sangue e 1 de plaquetas. Os glóbulos brancos "nem se mexeram", mas as hemoglobinas e o hematócrito melhoraram. R deverá ficar recluso no hospital pelos próximos dias (não sabemos quantos), tendo o sangue examinado constantemente para ver se progride ou regride. Estão aplicando também antibióticos intravenosos (preventivos) e dando tylenol devido a uma pequena febre que está apresentando.

Exame de sangue domingo, dia 14, às 15:14 horas, ao chegar na emergência:

WBC - leucócitos: 0,2 (normal de 4,0 a 10,8) - crítico
RBC - hemácias:  1,75 (normal de 4,20 a 5,50) - baixo
HGB - hemoglobinas: 5,2 (normal de 12,5 a 16,5) - crítico
HCT - hematócrito: 15,5 (normal de 37,5 a 49,5) - crítico
Plaquetas: 20 (normal de 145 a 400) - crítico


Exame de sangue, segunda-feira, dia 15, às 00:37 horas, depois de 1 bolsa de sangue e 1 de plaquetas:

WBC - leucócitos: 0,2 (normal de 4,0 a 10,8) - crítico
RBC - hemácias:  1,91 (normal de 4,20 a 5,50) - baixo
HGB - hemoglobinas: 5,8 (normal de 12,5 a 16,5) - crítico
HCT - hematócrito: 16,3 (normal de 37,5 a 49,5) - crítico
Plaquetas: 46 (normal de 145 a 400) - baixo


Exame de sangue, segunda-feira, dia 15, às 11:39 horas, depois de mais 2 bolsa de sangue:

WBC - leucócitos: 0,2 (normal de 4,0 a 10,8) - crítico
RBC - hemácias:  2,55 (normal de 4,20 a 5,50) - baixo
HGB - hemoglobinas: 7,9 (normal de 12,5 a 16,5) - baixo
HCT - hematócrito: 21,8 (normal de 37,5 a 49,5) - baixo
Plaquetas: 17 (normal de 145 a 400) - crítico




Obrigada aos doadores de sangue!