sábado, 5 de dezembro de 2015

1a Quimioterapia, Dia 4


Os primeiros fortes sinais da quimioterapia apareceram. R vomitou uma vez de sexta para sábado e outra logo depois do café da manhã. Após a visita de 2 médicos plantonistas, o mais experiente, de origem indiana, resolveu adotar um remédio mais forte para enjôo, que segundo ele, estudos recentes comprovaram na India que era mais eficaz. O efeito colateral de tantos remédios acumulados é que R hoje ficou muito sonolento e com uma expressão extremamente abatida. Quando vomitou ficou com a face branca que parecia um fantasminha e olheiras escuras. Está mais difícil tirar um sorriso do rosto dele e de incentivá-lo às piadas. No dia anterior, a visão embaçou por algumas horas e médico foi chamado. Agora, já passou.

O centro de cancer que R está em tratamento é uma grande reunião multiétnica de especialistas do mundo. O oncologista principal que assumiu o tratamento de R tem origem italiana, temos também uma conterrânea gaúcha queridíssima que vem visitar quando pode, e este de hoje: indiano. Vez por outra aparece um americano.

Hoje, sábado, ele iniciou a quarta rodada de medicamentos. O processo tem atrasado e pela previsão de como as coisas estão indo, ele só deve ir para casa na segunda feira por volta do meio dia.

Os médicos já avisaram que nos dias seguintes ele estará com a imunidade muito baixa, não poderá frequentar lugares lotados e fechados (cinema, por exemplo), terá forte cansaço e os enjôos deverão continuar por mais uns dias até a medicação sair do sangue completamente (para então começar uma nova rodada).

A quimioterapia tem fases de descanso para não matar o paciente. São dados remédios (ou veneno, como um dos médicos falou) no limite que o corpo pode suportar. E mais remédios para controlar as efeitos colaterais: enjôo, constipação, confusão mental, embolias - no caso deste último, os exercício físicos ajudam a prevenir. Na maioria dos tratamentos quimioterápicos, os pacientes ficam no hospital somente durante o dia e dormem em casa. No caso de R, o tipo de câncer requer uma carga maior de remédios contínuos, mas pelo menos não é um tratamento de longo período (3 meses de quimio é considerado curto).

Mas apesar da dureza do tratamento, vejo que o "investimento" no estilo de vida saudável, com exercício, boa alimentação e bom humor, ajudam em muito na batalha. R está sendo mais forte do que eu esperava e insiste em comer bastante (um dos desafios no câncer é não perder peso). Deve ser muito duro passar por isso tendo problema de obesidade, vícios, e histórico de sedentarismo.

C.